Introdução: O tendão de Aquiles, apesar do seu tamanho e robustez, é a estrutura tendinosa que mais frequentemente sofre rotura. A rotura aguda afeta sobretudo indivíduos do sexo masculino de meia idade, ocorrendo geralmente durante a prática desportiva. Apesar do diagnóstico desta patologia ser bastante acessível, uma vez que a história clínica associada ao exame físico são parâmetros quase sempre elucidativos, a decisão sobre qual a terapêutica a instituir é, indubitavelmente, mais desafiante. Deste modo, o objetivo deste trabalho de revisão é determinar qual o tratamento mais vantajoso e apropriado (conservador ou cirúrgico), com base na literatura existente.Materiais e métodos: Foi efetuada uma pesquisa na PubMed, a partir da qual se selecionaram estudos que abordassem os benefícios e as complicações de cada tipo de tratamento, incluindo também dados acerca do período de reabilitação, entre outros igualmente relevantes. Cumprindo estas premissas, foram selecionados sete artigos de estudos randomizados e controlados. Outros dois artigos foram oportunamente abordados em contexto de discussão.Resultados: Os resultados funcionais de cada estudo, incluindo parâmetros como a amplitude de movimentos, a circunferência da perna e testes de força e resistência, mostraram que, de uma forma geral, não há diferenças significativas entre os grupos submetidos a tratamento conservador ou cirúrgico. Por outro lado, em termos de complicações, verifica-se uma grande discrepância entre grupos, quer no número de pacientes afetados quer no tipo de complicação mais prevalente. Discussão: O tipo de reabilitação apresenta especial relevância no prognóstico destes doentes, podendo variar entre a reabilitação dinâmica ou a reabilitação de início mais tardio (mais de 2 semanas de imobilização). O tratamento cirúrgico, ainda que invasivo e com risco evidente de graves complicações do ponto de vista infecioso e nervoso, apresenta bons resultados quanto à taxa de recidiva de rotura, respondendo de forma positiva à reabilitação instituida. Por outro lado, o tratamento conservador acarreta uma elevada taxa de recidiva de rotura, sendo geralmente um tratamento de segunda linha em pacientes jovens e atletas, para aos quais é expectável uma recuperação rápida e funcionalmente ambiciosa. A falta de consenso científico relativamente aos métodos de avaliação clínica e funcional dos diversos estudos torna difícil fazer comparações de resultados entre trabalhos, limitando assim a discussão.Conclusão: A opção mais consensual para o tratamento das roturas agudas do tendão de Aquiles é o recurso à reabilitação dinâmica (mobilização precoce e/ou carga precoce), permanecendo ainda a dúvida se deverá ser precedida por tratamento conservador ou cirúrgico. Tendo em conta a prática corrente de recurso a escalas de avaliação internas, a avaliação e constatação de superioridade e excelência clínica de uma técnica comparativamente com a outra, revelam-se de extrema dificuldade. Assim, atualmente, o melhor método terapêutico permanece controverso.
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