Compara??o do perfil epidemiológico, clínico e dos resultados das interven??es coronárias percutaneas entre os gêneros masculino e feminino, na popula??o brasileira: dados do Registro CENIC

摘要

FUNDAMENTOS: No cenário dos estudos controlados e randomizados, em mulheres, a doen?a arterial coronária (DAC) apresenta maiores desafios no que se refere ao diagnóstico e ao tratamento. Essas no??es s?o mais controversas no ambito do chamado "mundo real", especialmente no que tange ao tratamento por interven??o coronária percutanea (ICP). OBJETIVO: Comparar os resultados de procedimentos de ICP, na fase hospitalar, em brasileiras e brasileiros. MéTODO: Análise retrospectivamente idealizada a partir dos dados inseridos no registro da Central Nacional de Interven??es Cardiovasculares (CENIC), em sua presente forma de captura eletr?nica, conforme ficha padronizada, desde o início de 1999 até o final de 2007: características demográficas e da história clínica, inclusive fatores de risco no contexto da DAC; detalhes técnicos dos procedimentos, de seu sucesso e complica??es; tratamento farmacológico adjunto. RESULTADOS: No período, 197.139 interven??es coronárias foram registradas, sendo 131.797 (66,85%) em homens e 65.342 (33,15%) em mulheres. A média de idade foi significativamente superior nas mulheres (64,0 ± 11,6 anos vs. 60,4 ± 11,7 anos; p < 0,0001), que apresentaram maior prevalência de diabetes melito (39,4% vs. 28,5%; p < 0,0001). Nos homens, houve maior prevalência de hipertens?o arterial (25,6% vs. 28,9%; p < 0,0001), tabagismo (19,1% vs. 34,0%; p < 0,0001), antecedentes de infarto do miocárdio (21,1% vs. 26,8%; p < 0,0001), de ICP (17,5% vs. 19,3%; p < 0,0001) e de revasculariza??o miocárdica cirúrgica prévia (8,3% vs. 11,0%; p < 0,0001). Em pacientes com ICP prévia, a nova interven??o ocorreu mais freqüentemente nos homens por progress?o da doen?a, novas les?es (56,6% vs. 59,5%; p < 0,006), e, nas mulheres, por reestenose (39,2% vs. 36,4%; p < 0,0001). A ICP foi realizada nas mulheres em maior número de vezes que nos homens por indica??es clínicas instáveis (56,5% vs. 55,8%; p = 0,003). Angiograficamente, verificou-se propor??o maior de les?es de um único vaso entre as mulheres (53,2% vs. 49,3%; p < 0,0001), e menor prevalência de disfun??o ventricular esquerda grave (4,1% vs. 4,6%; p < 0,0001), de les?es complexas (B2 e C) (64,3% vs. 66,0%; p < 0,0001), de trombo visível (14,6% vs. 17,6%; p < 0,0001), de les?es extensas (superiores a 20 mm) (26,6% vs. 28,1%; p < 0,0001) e de envolvimento de ramos secundários (26,6% vs. 27,6%; p < 0,0001). Em contraposi??o, nas mulheres observou-se mais calcifica??o (23,4% vs. 22,8%; p < 0,0001), e menor diametro (2,95 mm ± 0,66 mm vs. 3,04 mm ± 0,75 mm; p = 0,001) e extens?o (17,2 mm ± 7,1 mm vs. 17,7 mm ± 7,3 mm; p = 0,04) dos stents implantados. As mulheres tenderam a ter taxa mais elevada de insucesso (0,75% vs. 0,68%; p = 0,077), e efetivamente apresentaram maiores taxas de óbito (1,20% vs. 0,79%; p < 0,0001) e de infartos miocárdicos n?ofatais (0,54% vs. 0,41%; p < 0,0001). CONCLUS?ES: A ICP em mulheres brasileiras apresenta resultados imediatos discretamente menos satisfatórios que nos homens, em associa??o à tríade de idade mais avan?ada, maior prevalência de diabetes melito e menor calibre do vaso.