首页>
外文OA文献
>Viver com o agressor e viver em casa-abrigo : diferenças psicológicas e fisiológicas em mulheres vítimas de violência nas relações de intimidade
【2h】
Viver com o agressor e viver em casa-abrigo : diferenças psicológicas e fisiológicas em mulheres vítimas de violência nas relações de intimidade
Este estudo teve como objetivo avaliar mulheres sinalizadas por violência nas relações de intimidade (VRI), utilizando uma medida de cortisol salivar, e medidas de auto-relato de sintomatologia psicopatológica, perturbação de stress pós-traumático (PTSD) e perceção de apoio social, comparando mulheres a viver com o companheiro e mulheres a viver em casa-abrigo. A amostra foi constituída por 160 mulheres vítimas de VRI sendo que 81 mulheres estavam a viver em casa-abrigo e 79 mulheres a viver com o agressor. A avaliação dos níveis de cortisol foi feita através do método salivar, que consistiu numa amostra de saliva recolhida ao acordar e outra recolha 30 minutos depois. Os resultados demonstraram que 153 (94.3%) das mulheres pontuam valores clínicos para sintomatologia psicopatológica (PSI > 1.7), 116 (72.5%) preencheram os critérios de PTSD. Relativamente aos resultados de cortisol, verificou-se que em 60 (39.7%) mulheres o cortisol diminuiu entre a primeira e segunda colheita, 5 (3.3%) mulheres apresentaram os mesmos níveis de cortisol, e em 86 (57%) mulheres o cortisol aumentou após a primeira recolha. De acordo com estes resultados de cortisol, foi possível caracterizar dois grupos distintos de mulheres, designadamente o grupo em que o cortisol diminuiu após o acordar e o grupo em que o cortisol aumentou. Na descrição e comparação do cortisol com outras variáveis, verificaram-se diferenças estatisticamente significativas entre dois grupos de cortisol ao nível da psicopatologia, t(148) = 2.833, p = .005, CI [0.10, 0.56], d = 0.47. O grupo com diminuição do cortisol apresentou mais sintomas psicopatológicos (M = 1.72, DP = 0.73) do que o grupo com o aumento do cortisol (M = 1.39, DP = 0.68). Verificaram-se diferenças marginalmente significativas entre cortisol e sintomas de PTSD, t(147) = 1.871, p = .06, CI [-0.22, 7.99], d = 0.31. O grupo decrescente apresentou níveis mais elevados de sintomas de PTSD (M = 53.62, DP = 13.04) do que o grupo crescente (M = 49.73, DP = 12.14). Foram ainda encontradas diferenças estatisticamente significativas entre cortisol e perceção total de apoio social, t(149) = -1.999, p = .047, CI [-7.24, -0.04], d = 0.33. O grupo em que diminuiu o cortisol apresentou menos perceção do apoio social (M = 65.05, DP = 11.81) do que o grupo em que aumentou o cortisol (M = 68.69, DP = 10.49). Por fim, na comparação entre mulheres a residirem em casa-abrigo e mulheres a viverem com companheiro, os resultados, no geral, parecem apontar para os efeitos positivos que as casas-abrigo têm no funcionamento social, psicológico e fisiológico de mulheres vítimas de VRI. Em conclusão, este estudo sugere que os resultados inconsistentes, obtidos em estudos anteriores, que usaram medidas de cortisol em mulheres vítimas de violência nas relações de intimidade, devem-se provavelmente às diferentes respostas fisiológicas que estas mulheres apresentam face à adversidade. De facto, foi possível verificar dois perfis muito distintos, desde a diminuição de cortisol após o acordar e o aumento da resposta de cortisol. Para além disso, este estudo também apresentou, do ponto de vista empírico, os efeitos positivos que as casas-abrigo têm em mulheres vítimas, sugerindo-se assim a manutenção e continuidade de investimento nestas, entre outras, medidas de proteção à mulher vítima.
展开▼