Nas primeiras fases da ontogénese, quando o funcionamento relacional da díade mãe bebé, constitui o suporte do desenvolvimen-to, a criança vai organizando os alicerces do seu Eu, partindo de uma simbiose fisiológica e afectiva, numa relação onde predomina o diálogo tónico-emocional. A presença ou au-sência do outro, a dinâmica de aproximação/afastamento, a dinâmica postural e gestual, as actividades de contenção, as sincronias rítmicas, o contacto térmico, constituem suportes essenciais à organização primária do psiquismo. Quando estes processos são inadequados, podem provocar problemas de individuação e afirmação de identidade, li-gados a ausências ou carências na relação primordial entre a mãe e o bébé. Esta pers-pectiva, leva-nos a equacionar a importân-cia da corporalidade nos processos precoces de comunicação, quando esta é mediatizada essencialmente por processos tónico-emocio-nais de comunicação, impregnados de afec-tos, desejos e emoções. Estes processos são essenciais para a constituição dos modelos internos dinâmicos que nessa fase pré-lin-guística, asseguram o sentimento de identi-dade e a possibilidade de individuação e di-ferenciação em relação ao objecto materno. Quando existem perturbações nesta dinâmi-ca evolutiva, a terapia psicomotora constitui um recurso privilegiado, possibilitando um espaço seguro e contentor, no qual, através do jogo espontâneo e simbólico, as crianças podem transformar as sensações, os atos e os afetos em pensamentos, projetos e palavras. Uma relação de vinculação desejada, permite experienciar novas formas de expressão e re-solução de conflitos, melhorando a regulação emocional e comportamental, e promovendo a capacidade de mentalização e as funções executivas, como a atenção, a memória de trabalho, o planeamento e a inibição de impulsos.
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