Intoxica??o por Senecio brasiliensis em bezerros: padr?o e evolu??o de les?es hepáticas

摘要

RESUMO: Intoxica??es por plantas do gênero Senecio representam uma importante causa de morte em bovinos no Rio Grande do Sul e estima-se que mais de 50% das mortes causadas por plantas tóxicas devem-se à intoxica??o por Senecio spp. Nesse trabalho, s?o descritos os aspectos epidemiológicos, clínicos e anatomopatológicos de um surto de intoxica??o natural por Senecio brasiliensis em bezerros e a caracteriza??o e evolu??o das les?es hepáticas durante o surto. Um lote com 206 bovinos, fêmeas, sem ra?a definida, foi desmamado com aproximadamente quatro meses de idade e soltos em campo nativo com 25 hectares, contendo grande quantidade de Senecio brasiliensis em diferentes estágios. Os bovinos permaneceram nesse campo durante três meses e posteriormente foram transferidos para outra área. Na nova área, seis bezerras, com idades entre sete a oito meses, come?aram a apresentar sinais clínicos de emagrecimento, fraqueza, diarreia e edema subcutaneo de declive na regi?o submandibular. Os seis bovinos morreram em um período de 15 dias e um deles foi necropsiado. Macroscopicamente, foi visualizado o primeiro dos três padr?es distintos de les?o hepática dos bovinos desse surto, que se caracterizava por um fígado aumentado de tamanho, com os bordos arredondados e com superfície capsular e de corte alaranjada. Histologicamente havia acentuada degenera??o vacuolar hepatocelular difusa, bilestase, megalocitose e leve prolifera??o de ductos biliares e fibrose periportal. Dois meses após o início do surto, constatou-se que em um período de 20 dias adoeceram mais 28 bezerras e, dessas, 14 morreram. Os bovinos acometidos nessa segunda visita tinham idades entre nove a 10 meses. O principal sinal clínico observado foi fotossensibiliza??o, e incluía graus variados de fotofobia, lacrimejamento, saliva??o excessiva, descarga ocular mucopurulenta, secre??o nasal e glossite diftérica ventral. Das 14 bezerras mortas, realizou-se a necropsia de duas delas, sendo visualizado o segundo padr?o de les?o hepática nesse surto (Padr?o 2). Os fígados estavam com a superfície capsular lisa e esbranqui?ada e moderadamente diminuídos de tamanho. Ao corte observou-se leve irregularidade do parênquima e áreas mais claras intercaladas com áreas avermelhadas. O aspecto histológico incluía acentuada fibrose periportal, marcada prolifera??o de ductos biliares, megalocitose, áreas multifocais de necrose de hepatócitos, hemorragia e les?es veno-oclusivas. A atividade sérica da GGT foi avaliada em 15 bovinos afetados nessa segunda visita à propriedade. Desses, 13 bezerras testadas apresentaram altera??es nos valores, que variaram de 26-175 U/L. Em uma terceira visita à propriedade, sete meses após o início do surto, mais 27 bezerras adoeceram em um período de 40 dias e, dessas, 23 morreram, sendo três submetidas à necropsia. Evidenciou-se o terceiro padr?o de les?o hepática. O fígado dos três bovinos estava diminuído de tamanho e acentuadamente firme. A superfície capsular era lisa e esbranqui?ada, e a superfície de corte apresentava-se difusamente acastanhada. Les?es histológicas semelhantes ao segundo padr?o foram também constatadas no fígado dessas três bezerras. Na quarta visita à propriedade, realizaram-se biópsias hepáticas nos 163 bovinos restantes do lote. Les?es hepáticas características da intoxica??o estavam presentes em 103 dos 163 bovinos submetidos à biopsia hepática. Os bovinos afetados foram classificados em grupos de acordo com a severidade e os aspectos morfológicos observados. O diagnóstico de intoxica??o nos bovinos desse estudo baseou-se nos achados epidemiológicos, clínicos e anatomopatológicos, associados ao histórico do consumo da planta e evolu??o das les?es.