A vis?o biomédica concebe a surdez como perda fisiológica da audi??o e o surdo como portador de anomalia organica a ser corrigida; interven??es de saúde revestem-se, correspondentemente, de tal representa??o. Objetivamos compreender as representa??es sobre surdez entre surdos, com o propósito de refletir sobre políticas públicas a eles destinadas no contexto da dimens?o ética do cuidado. Utilizamos o referencial teórico-metodológico qualitativo (grupo focal); participaram 9 membros de uma comunidade surda (Fortaleza-CE, 2010) fluentes na Língua Brasileira de Sinais-Libras. Observamos que a surdez é compreendida como um modo de ser, cotidianamente construído, essencialmente a partir das experiências-vivências de intera??o visual com a natureza e a sociedade; assume caráter identitário particular, afirmado em componentes culturais (ser surdo) e linguísticos (Libras). Políticas públicas de oraliza??o ou tecnologias auditivas corretivas (como o implante coclear), valorizados pela sociedade ouvinte, s?o representadas como retrocesso nas lutas dos surdos, de nega??o de seu ser no mundo e como perda da identidade surda. é necessário compreender o surdo a partir de constru??es histórico-sociais, simbólicas e culturais onde diferentes discursos co-existem, para além da dimens?o fisiológica.
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