Petrolandia é uma cidade localizada no semiárido pernambucano, inundada em 1988, com a instala??o da Usina Hidrelétrica Luiz Gonzaga. Esse artigo discute as memórias coletivas acerca dessa inunda??o e seus efeitos subjetivos, a partir da análise de dez entrevistas individuais com os moradores da velha Petrolandia e de uma roda de conversa com jovens da Casa das Juventudes que residem na nova cidade. Por meio da análise do discurso, foi possível refletir sobre as referências históricas e imaginárias daqueles que viveram no antigo território e como elas repercutiram na popula??o que n?o vivenciou a transi??o territorial. Foi observado que, por mais que se compartilhe o passado, o marco histórico da barragem n?o é alcan?ado pelos jovens. O sofrimento dos antigos moradores é oriundo da perda do território e dos monumentos, exigindo um trabalho de luto e adapta??o à nova cidade. Institucionalmente, o descaso da Companhia Hidrelétrica do S?o Francisco (CHESF) e da administra??o pública com a vida afeta até hoje o progresso e o desenvolvimento da cidade. Petrolandia assume perenemente uma dimens?o transitória, a servi?o da explora??o hídrica e dos recursos naturais, inaugurada com a inunda??o da Velha Petrolandia. O resultado é a impress?o sentida e relatada pelos moradores como habitantes de um n?o-lugar e uma forte identidade cultural pautada em uma posi??o melancolizada.
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