O objetivo deste trabalho é analisar o autocultivo de Cannabis para fins medicinais no Brasil, avaliando em que medida a prática poderia ser enquadrada como uma tecnologia social, na formula??o de Renato Dagnino. Com base em dados coletados em trabalho de campo (entrevistas semiestruturadas) em dois centros urbanos no Brasil (S?o Paulo, Rio de Janeiro) e de uma participante nos Estados Unidos, identificam-se características dessas práticas que as aproximam de uma tecnologia social, como a adapta??o a pequena escala, o atendimento a demandas sociais por meio de trabalho cognitivo, a participa??o ativa de produtores e usuários em seu desenvolvimento, e a ausência de diferencia??o entre patr?o e empregado. Pondera-se, entretanto, que a no??o de tecnologia social está bastante ligada a um objetivo de transforma??o do setor produtivo, o que talvez limite a aplica??o desse conceito em situa??es de produ??o n?o-comercial, para atendimento de necessidades diretas; e que a considera??o dos riscos na produ??o de medicamentos talvez torne pouco aconselhável a generaliza??o de práticas caseiras como a do autocultivo. Prop?e-se que essa situa??o poderia ser remediada com o emprego de estratégias de ciência aberta e cidad?, envolvendo o diálogo com institui??es públicas do campo tecnológico e científico.
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