A emergência internacional relacionada à COVID-19, declarada em 30 de janeiro de 2020 pela Organiza??oMundial da Saúde (OMS) 1, fez com que as aten??es da comunidade científica fossem voltadasmais uma vez para o campo da saúde global. Referimo-nos aqui à saúde global como um novo terrenono qual s?o reconfiguradas antigas disputas ideológicas, geopolíticas e metodológicas que operam naesfera internacional, formando um campo que pode tanto oferecer oportunidades reais para a buscada equidade 2 como encobrir interesses e agendas particulares dos mais diversos teores 3. A exemplodo que ocorreu durante a emergência internacional relacionada à síndrome congênita do vírus Zika,da qual o Brasil foi o epicentro em 2016 4, a nova declara??o de emergência abriu espa?o para a produ??ocientífica sobre a COVID-19 em periódicos internacionais de grande impacto, que têm priorizadoe defendido o acesso aberto às publica??es como forma de contribuir com a resposta internacional 5.Do mesmo modo, a pesquisa sobre a COVID-19 passou a ser induzida por agências internacionaise universidades sob os auspícios de grandes financiadores 6. Porém, a história das crises sanitáriasensina que essa prioridade desaparecerá quando a emergência da COVID-19 tiver fim, constituindouma estratégia global de investimento ciclotímica, de objeto imprevisível a depender da emergênciaem quest?o.
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