Apresentamos aqui a primeira lista de anfíbios para o estado do Tocantins, regi?o norte do Brasil, com base em amostragens de campo, dados da literatura e espécimes depositados em cole??es zoológicas. As expedi??es de campo foram realizadas entre 2012 e 2019 em 12 municípios do Tocantins, totalizando 376 dias de esfor?o amostral. Nós analisamos 25 artigos da literatura, examinamos 1311 espécimes depositados em cole??es e coletamos 750 indivíduos durante as amostragens de campo. No total, nós registramos 90 espécies de anfíbios distribuídas em 14 famílias, das quais 12 s?o de anuros e duas s?o de gimnofionas. Nossas amostragens também indicam a presen?a de ao menos sete espécies n?o descritas ao longo do estado. Adicionalmente, fornecemos registros inéditos para 20 espécies, das quais nove s?o amaz?nicas, quatro s?o endêmicas do Cerrado, uma espécie da Caatinga e uma amplamente distribuída, a perereca Boana crepitans; cinco das espécies cujos os registros s?o inéditos para o estado correspondem a linhagens n?o descritas. Nossos dados também sugerem que a fauna de anfíbios do Tocantins n?o está geograficamente estruturada em rela??o aos biomas, uma vez que linhagens de anfíbios amaz?nicos, da Caatinga e endêmicas do Cerrado apresentaram distribui??o quase completamente sobreposta ao longo de todo o estado. Nós propomos que essa ausência de estrutura??o espacial pode ser o resultado de dois fatores (sinergéticos ou n?o). Primeiro, os eventos de expans?o e retra??o dos biomas causados pelos ciclos climáticos do quaternário, que podem ter mixado as popula??es de espécies de diferentes biomas, promovendo o padr?o de sobreposi??o de distribui??o geográfica aqui observado. Segundo, destacamos que os ambientes florestais (e.g. matas de galeria e ripárias) associadas às bacias do dos Rios Araguaia-Tocantins podem ter atuado como corredores históricos de dispers?o para linhagens de anfíbios amaz?nicos para dentro do Cerrado tocantinense. A despeito do esfor?o de amostragem do presente estudo, lacunas de informa??o em diversas áreas do estado permanecem e apontam a necessidade de adicionais amostragens de campo. Além disso, diversas espécies com status taxon?mico problemático foram diagnosticadas no presente estudo, e futuras avalia??es das mesmas devem ser baseadas em múltiplas linhas de evidência (dados acústicos, moleculares e morfológicos), produzindo assim uma vis?o mais acurada sobre a diversidade de anfíbios do estado do Tocantins. Essas informa??es s?o extremamente necessárias em vista das atuais taxas de degrada??o ambiental dentro do estado do Tocantins, uma vez que esse tipo de informa??o pode auxiliar políticas públicas voltadas para conserva??o.
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