As relações entre a literatura e as ciências da mente têm constituído uma das áreas mais prósperas dos estudos interdisciplinares nos últimos anos e uma reconsideração da sua história partilhada durante o século XIX inglês revela conexões surpreendentes entre ambas. Esta comunicação examina a forma como certos poetas vitorianos escreveram sobre a mente humana e os seus processos, detetando uma tensão latente entre as teorias psicológicas e metafísicas acerca da subjetividade. As raízes da escola vitoriana de poesia psicológica podem ser encontradas sobretudo na vida e na obra dos jovens poetas A. Tennyson e R. Browning e nos seus monólogos dramáticos. O interesse do primeiro destes pela análise detalhada dos estados de loucura e histeria (masculina e feminina), confirmando a popularidade da sua escrita entre os psicólogos, foi ensombrado pelo seu medo pessoal de perda da sanidade mental. O fascínio aberrante do segundo destes pelo escrutínio da mente criminosa, maquiavélica e ou manipuladora levou-o, por sua vez, à pesquisa de casos sensacionalistas nos arquivos históricos europeus. O ‘argumento psicológico’ seria, depois, alargado à segunda geração de poetas e monologistas vitorianos, nomeadamente a M. Arnold e à sua malaise ou ‘estranha doença da vida moderna’, e também às ‘dramatizações do perverso’ de A.C. Swinburne, tendo este argumento sido profundamente alterado e até questionado no final do século.
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