A presente comunicação pretende dar a conhecer parte duma investigação emcurso, no âmbito do Mestrado em Ciências da Educação, especialidade emEducação e Diversidade Cultural, que procura desocultar os processos de(re)construção identitária de mulheres imigrantes em Portugal que procuramtanto afirmar a sua identidade como gerir a sua mobilidade social. Quem viveentre “dois mundos”, numa constante interacção com a alteridade, procura(re)construir o seu novo eu entre a cultura de origem e a cultura de chegada,descobrindo-se, muitas vezes, numa verdadeira encruzilhada reflexiva. Aproblemática deste estudo situa-se, assim, no campo das identidadescompósitas, mestiças, idiossincráticas, interculturais, características de umapós-modernidade.Nesta viragem de século, em que nos percebemos cidadãos do mundo (o quetanto nos constrange como nos liberta), a construção da identidade torna-senum permanente confronto entre nós e os outros. Neste sentido, e atendendoao tema em estudo, a recolha de testemunhos biográficos através deentrevistas aprofundadas afigurou-se uma abordagem adequada e eficaz pararecolher as narrativas das mulheres imigrantes. Somente fazendo falar odetalhe vivo do tecido das vidas destas mulheres, repletos de sentimentos ede emoções, podemos procurar compreender as razões que as levaram aemigrar, como decorreram os seus processos de integração/exclusão, quetransformações ocorreram nas suas vidas e em si próprias. Interessa aqui,portanto, dar relevo ao mundo subjectivo, procurar compreender acompreensão dos outros como forma de desocultar os significados que estesatribuem ao seu comportamento, às suas escolhas, enquanto sujeitosautónomos, capazes de traçar o seu próprio projecto de vida e de reflectirsobre ele. Não partimos, pois, em busca de padrões de comportamento, ou docomportamento per se, mas na tentativa de buscar o processo (e não apenas oproduto), aprofundando o nível de entendimento de um momento que está aser (re)vivido e (re)construído pela pessoa.As entrevistas realizadas, das quais se irão salientar extractos das vozes parailustrar a eficácia desta metodologia etnobiográfica, conseguem mostrarcomo as entrevistadas se (re)descobrem e racionalizam experiências passadas. O facto de contarem a sua vida a alguém que as questiona a partirdas suas próprias lógicas e contextos provoca-lhes uma espécie de reciclagempessoal, de descobertas em si, de auto-formação.
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