Como um dos problemas mais específicos do ser humano, o suicídio tem vindo a serinvestigado com atenção crescente um pouco por todo o mundo. Vários comportamentos derisco têm vindo a ser descritos, assim como as limitações que decorrem do seu estudo.A Organização Mundial de Saúde estima que este flagelo afecte um milhão depessoas anualmente, o que se traduz numa morte a cada 40 segundos em todo o mundo.Segundo últimos estudos, Portugal, apesar dos bons índices (10 mortes por suicídio por100000 habitantes), vinha apresentando uma tendência crescente entre os mais jovens.Com este trabalho pretendeu-se caracterizar a evolução do perfil suicida autopsiadono Serviço de Patologia Forense da Delegação do Centro do Instituto Nacional de MedicinaLegal sob o ponto de vista de várias variáveis: Idade, sexo, estado civil, situaçãoprofissional, meio suicida, análises toxicológicas efectuadas (etanol, drogas de abuso,pesticidas e medicamentos) e algumas condições/comportamentos relativas à história pessoal(alcoolismo, ideação suicida, tentativas de suicídio, doença física, perturbação psiquiátrica).Para isso foram analisados os arquivos relativos ao período decorrido entre 1 Janeiro de2003 e 31 de Dezembro de 2009. Finalmente uma breve abordagem a estratégias deprevenção resultantes de outros estudos, nacionais e internacionais, foi elaborada paraconcluirmos sobre a sua possível eficácia.O perfil comum obtido corresponde a um homem com idade compreendida entre os65 e os 74 anos, casado, empregado que se suicidou através do enforcamento em Setembro,Maio ou Fevereiro. O sujeito seria submetido à determinação laboratorial da concentraçãosanguínea de álcool, medicamentos e pesticidas. O seu registo clínico incluiria um problemade saúde orgânico ou psiquiátrico, para além de comportamentos de risco como alcoolismo,ideação suicida ou tentativas de suicídio.Daniel Dias2| Suicides in the centre of Portugal: analysis between 2003 and 2009 |Apesar das limitações inerentes a um tema tão individual e subjectivo como é osuicídio algumas conclusões foram possíveis. O número de suicídios autopsiados nadelegação do Centro aumentou, assemelhando-se o perfil ao resultado de muitos outrosautores, inclusivamente ao do perfil já elaborado anteriormente nesta delegação. Contudo,novos desenvolvimentos médico-sociais colocam, agora, o enforcamento como o meiosuicida preferido.Muitas barreiras continuam por derrubar mas vários programas de prevenção,derivados de uma crescente preocupação, começam a ser desenhados e postos em prática.Futuras avaliações e intervenções ao nível médico e social, incluindo no processo decertificação da morte, serão fundamentais para uma compreensão cada vez mais realísticadeste fenómeno
展开▼