首页>
外文OA文献
>A cooperação e o sentido de justiça : teste da universalidade do sentido de justiça numa amostra multicultural de estudantes universitários de Coimbra
【2h】
A cooperação e o sentido de justiça : teste da universalidade do sentido de justiça numa amostra multicultural de estudantes universitários de Coimbra
A cooperação entre humanos tem-se revelado um puzzle evolutivo dado que estes cooperam com indivíduos não aparentados geneticamente, em situações únicas e anónimas. Foram analisados 246 estudantes universitários em Coimbra provenientes de vários países de língua oficial portuguesa e por isso com um contexto cultural distinto. Ao utilizar jogos com e sem punição – ultimato e ditador – verificou-se que, tal como em outros estudos, a simples ameaça de punição faz com que as ofertas aumentem de valor de forma significativa. O sentido de justiça dos indivíduos alterou-se quando se inverteram os papéis no jogo do ultimato, sendo que o valor das rejeições foi mais baixo do que as ofertas feitas em primeiro lugar, mostrando que o valor das propostas é ponderado com receio que sejam rejeitadas pelo responder. A propensão para cooperar parece ser influenciada pelo grau de familiaridade, dado que os proposers tendem a aumentar o valor da oferta quando estão a jogar com uma pessoa que conhecem ou com um amigo, e isso é particularmente marcante nas mulheres que apresentam ligações sociais mais fortes. Este estudo comprovou que as variáveis sócio demográficas são boas preditoras de comportamento social, entre eles a troca de bens monetários: o sexo, a idade, o tamanho da família nuclear e as religiões influenciam significativamente o valor das ofertas, sendo particularmente notório no jogo do ditador. Trabalhos anteriores demonstram diferenças no ditador e no ultimato em diferentes sociedades sugerindo que as escolhas dos sujeitos são marcadas por normas e instituições que sustentam a cooperação. Para analisar as variações culturais utilizaramse três métodos distintos: a divisão geográfica, as dimensões culturais e a orientação de valores. Verificou-se que a cooperação tem variações culturais fruto do contexto social e económico mostrando que em locais onde a administração da lei e o funcionamento das instituições tendem a ser menos eficientes e estruturados as ofertas tendem a ser mais baixas, talvez porque os sujeitos têm maiores reservas em confiar numa entidade anónima. Este estudo demonstra que os comportamentos pró sociais reflectem normas e valores que evoluíram ao longo da história humana mas que apresentam variações em função das sociedades. Em estudos transculturais, não devem ser ignoradas as diferenças dentro dos grupos culturais já que as variações sócio demográficas são causadoras de diferenças significativas na cooperação.
展开▼