Devido ao aumento da frequência e intensidade, os incêndios florestais de grande dimensão e de interface rural-urbana foram identificados pela Organização Mundial de Saúde como uma das ameaças à segurança e saúde públicas no século XXI. A utilização de meios aéreos no combate a incêndios florestais pode ter, se integrada numa estratégia globalizante e eficiente, um papel importante na protecção humana e do património, particularmente em situações exigindo uma rápida intervenção, como fogos emergentes, zonas montanhosas de difícil acesso, ou áreas de risco. A sua eficácia está, contudo, dependente das características do fogo, das condições atmosféricas e da perícia do piloto. O presente trabalho tem como objectivo o desenvolvimento e validação de um modelo operacional de simulação da largada aérea de produtos no combate a incêndios florestais. O modelo ADM simula o campo de ventos induzido por uma canópia vegetal, sob a influência de diferentes condições de estabilidade atmosférica. A saída do líquido do tanque é calculada com base na geometria e velocidade de abertura das portas. O diâmetro das gotas formadas pela acção das instabilidades de Rayleigh-Taylor e Kelvin-Helmholtz na superfície do jacto é estimado recorrendo à teoria de estabilidade linear. A distribuição por tamanhos e a velocidade das gotas originadas por atomização secundária baseiam-se em correlações experimentais. O método Lagrangeano é aplicado na simulação da deposição do produto, durante a qual o coeficiente de arrasto resultante da deformação da gota é calculado com base em relações experimentais dinâmicas. O processo termina com a retenção do líquido pela canópia. Os principais dados de saída do modelo são a distribuição espacial das concentrações no solo e o comprimento e área dos diferentes níveis de concentração. O processo de validação inclui a análise estatística dos resultados através da comparação do perfil vertical do vento simulado com valores medidos em florestas de pinheiro e eucalipto e da comparação dos resultados do ADM com ensaios de largada à escala real realizados com um sistema de descarga convencional (em Marselha, França) e um sistema de caudal constante (em Marana, Arizona, E.U.A.). A análise permitiu inferir um bom desempenho do modelo na vasta gama de condições testadas. A forma da mancha de deposição no solo revela as mesmas características observadas nos dados medidos. O valor médio do erro quadrado normalizado médio para a estimativa dos comprimentos das manchas de cada um dos níveis de concentração é de 0.01, sendo de 0.03 no caso das áreas ocupadas por esses mesmos níveis. Todos os parâmetros estatísticos revelaram um claro cumprimento dos requisitos impostos pelos critérios de aceitabilidade de modelos numéricos.
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