No Diário de viagem de 1769, a jornada marítima que J. G. Herder empreende de Riga a Nantes representa a saída em busca de novos horizontes, de novos modos de ver o mundo, em favor de um projeto reformista tipicamente esclarecido. Coerente com a ótica cosmopolita do Esclarecimento, a viagem herderiana evoca uma temporalidade aberta e grandes expectativas em rela??o ao futuro. Contudo, poucos anos depois, no ensaio Mais uma filosofia da história para a forma??o da humanidade, esse projeto é submetido a uma crítica contundente, de modo que o horizonte de expectativa de 1769 recua em favor de um espa?o de experiência tradicionalmente formado: o círculo da cultura. Isso se evidencia na afirma??o emblemática, aparentemente paradoxal de Herder em 1774, de que as viagens ao estrangeiro s?o sinal de “doen?a, de flatulência, de riqueza mals?, de pressentimento de morte”, apontando para uma tens?o dialética típica de seu pensamento de juventude.
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