O método dos tipos nomenclaturais na taxonomia biológica e a modalidade de dicto

摘要

Este artigo tem por objetivo discutir, a partir da interface entre filosofia da biologia e filosofia da linguagem, um caso de identifica??o equivocada de espécime-tipo. Um espécime-tipo é um organismo escolhido para servir como portador do nome de um táxon biológico. Esse procedimento, chamado de método dos tipos nomenclaturais, é regulamentado pelos códigos internacionais de nomenclatura biológica atualmente vigentes. O método dos tipos nomenclaturais, de acordo com diversos filósofos, se conformaria à teoria causal-histórica da referência, e teria por objetivo garantir a rigidez dos nomes dos táxons biológicos. Recentemente, essa vis?o foi desafiada por Matt Haber, que levantou o exemplo de identifica??o equivocada do espécime-tipo de uma subespécie de cobra, Thamnophis sirtalis infernalis , o qual na verdade pertencia à subespécie T. s. tetrataenia . Haber argumenta que esse exemplo torna falsa a afirma??o modal de dicto “necessariamente, todo táxon que tem um espécime-tipo contém seu espécime-tipo”. A falsea??o ocorreria pois T. s. infernalis n?o conteria, de fato, seu espécime-tipo. O argumento de Haber foi contestado por um defensor da teoria causal, Joeri Witteveen, que afirma que a falsea??o nunca teria ocorrido, pois a situa??o descrita por Haber seria impossível do ponto de vista dos códigos de nomenclatura. Neste artigo, argumentarei que a discuss?o sobre se o caso falseia ou n?o a afirma??o de dicto está mal-encaminhada, pois a modalidade em quest?o é de ordem deontológica, e n?o metafísica. O diagnóstico que oferecerei para o caso apresentado apela para uma avalia??o pragmática dos usos dos nomes em quest?o. Argumentarei que um uso espúrio, mas pragmaticamente válido, desses nomes constituiu o piv? da renegocia??o dos critérios de aplica??o subjacentes.